Mariana Bueno
Do Bolsa de Bebê
Engana-se quem pensa que o estresse é um problema exclusivo da vida adulta. Muitas crianças também podem ficar estressadas. A psicopedagoga Quézia Bombonatto explica que as causas variam para cada criança, pois um mesmo episódio pode repercutir de forma diferente em cada indivíduo, dependendo das condições internas e externas de cada um. O principal é que os pais estejam sempre atentos ao comportamento dos filhos e ao próprio comportamento, evitando seus sonhos ou frustrações, como se os filhos devessem dar conta daquilo que não lhe foi possível.
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Causas do estresse infantil
De acordo com a psicopedagoga, as causas são variadas e vão desde problemas familiares,como brigas constantes entre os pais, ausência de um deles e nascimento de irmãos, até questões mais sérias como luto e abusos ou violências contra a criança. Outra causa frequente e, muitas vezes, gerada pelos próprios pais, é a agenda lotada dos filhos com compromissos (aulas de inglês, esportes, música, teatro, computação, etc.), com um nível de exigência além do que aquela criança pode corresponder, com a expectativa de prepará-los para uma mercado de trabalho competitivo. Isso faz com que a criança tenha pouco tempo para fazer uma das principais atividades, que é brincar e até mesmo relaxar. “A criança necessita de um tempo livre para fazer o que quiser, ou não fazer nada. A brincadeira funciona, para a criança, como uma válvula de escape, além de desenvolver a criatividade e estimular funções neurológicas importantes para a aprendizagem”, diz.
O estresse infantil pode aparecer em qualquer idade, inclusive em bebês. “Isso ocorre, em geral, quando os pais estão enfrentando algum problema. Pais estressados costumam transferir as cobranças que recebem do ambiente de trabalho aos filhos. Pais agressivos, alcoólatras, drogados, estressados ou até mesmo aqueles que falam de forma pouco afetiva, sempre se impondo de forma rude, também podem desencadear o estresse”, afirma.
Sintomas do estresse
Segundo a psicopedagoga, a melhor forma de evitar que o estresse em crianças aconteça é estar atento ao comportamento da criança e procurar descobrir quais são os fatores que a estão prejudicando. “Os pais devem procurar participar da rotina da criança e se mostrarem disponíveis, propondo momentos de lazer, demonstrando carinho e segurança, e possibilitando a construção de um vínculo de confiança entre pais e filhos“, afirma.
Devem, também, observar se a criança está apresentando os sintomas característicos de uma situação de estresse, que podem ser físicos (problemas alimentares, problemas digestivos, falta de apetite, diarreia,náuseas, dor de barriga, dor de cabeça, alteração no sono, enurese noturna, mãos frias e suadas e ranger de dentes) ou psicológicos (irritação, mesmo sem motivo aparente, birra quando precisa ir a alguma das atividades, dormir demais ou demorar para dormir, pesadelos constantes, terror noturno, acordar reclamando de cansaço, ansiedade, agressividade, isolamento, medo, choro excessivo, insegurança e hipersensibilidade).
Como tratar
O estresse não tratado e prolongado pode levar a uma série de doenças e gerar problemas de aprendizagem, de relacionamento, de adaptação, baixa autoestima e dificuldade para lidar com tensão, frustração e decepção. “Se a criança não aprende a lidar situações de tensão pode se tornar um adulto vulnerável ao estresse frente a situações que exijam controle ou domínio próprio”, afirma.
Por isso os pais devem observar se os alguns dos sintomas estão ocorrendo , mas cientes de que não basta ter um ou outro sintoma para caracterizar um estresse, há necessidade de se analisar o todo. “Depois de identificarem os sintomas e mudarem as atitudes que julgarem ter levado a criança ao estresse e, ainda assim, não sentirem que houve melhora, é aconselhável que busquem a orientação de um profissional”, sugere.