Pilhas e mais pilhas de sacos de lixo, mau cheiro e sujeira têm transformado as ruas de várias cidades brasileiras em verdadeiros lixões a céu aberto. Este é o efeito da greve da limpeza que, na maioria dos municípios brasileiros, acontece por conta de dívidas das Prefeituras com empresas do setor de coleta de lixo urbano.
A história é quase sempre a mesma: sem repasse municipal para o serviço de limpeza, garis e lixeiros não recebem o salário e outros benefícios e, por essa razão, cruzam os braços. Em um final nada feliz, quem paga o pato é a população. Mas, afinal por que, a administração deixa de pagar um serviço tão essencial?
Você mora em uma cidade que está sofrendo ou já sofreu com a paralisação da coleta de lixo? Já parou para pensar o quanto de lixo acumulado você teria na sua casa se ninguém recolhesse os resíduos por uma semana?
Nós fizemos o cálculo e esclaremos essas questões. Veja a seguir.
Greve da limpeza: entenda motivos e impactos

É só digitar “greve da limpeza” no Google que você verá pelo menos dez cidades brasileiras que tiveram a varrição das ruas e o recolhimento do lixo interrompidos nos primeiros meses deste segundo semestre.
O que será que acontece para que este serviço tão fundamental para a sociedade seja suspenso? A resposta está na inadimplência das cidades com as empresas do setor.
Segundo representante da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), Carlos Silva Filho, somente no início deste ano 400 município já acumulavam uma dívida de R$ 200 milhões às companhias. As informações são da Folha de S. Paulo.
A crise financeira é o motivo principal para o recuo na aplicação dos recursos públicos nos serviços de limpeza. “Conforme a crise se agrava, os municípios transferem menos recursos ao setor. Não temos visto nenhuma iniciativa para melhorar o quadro”, afirmou o presidente da Abrelpe à Folha.

Segundo a Associação, enquanto a inflação de 2015 fechou em 10,7%, os investimentos de recursos para coleta e manutenção de limpeza ficaram em 2,6%. Apesar deste índice de alta, a coleta cresceu 1,8% no ano passado (199 mil toneladas/dia) no País.
Sem coleta de lixo
Efeitos
Para se ter uma ideia da importância deste serviço em nossas vidas, fizemos uma simulação de como sua casa ficaria se o lixeiro não passasse para recolher o lixo por uma semana. Veja a seguir, com base em informações da Abrelpe de 2014:
- O brasileiro produz 1 quilo de lixo/dia, em média;
- Considere uma casa de uma família de 4 pessoas;
- Ao final de uma semana, cada um teria produzido 7 quilos de lixo;
- O resultado final seriam 28 quilos de resíduo acumulado em uma semana.
- Ou seja, é como se você tivesse duas máquinas de lavar roupas com capacidade de 12 kg no meio da sua sala repletas de lixo (e mais um cesto de 4 quilos de resíduo).

O que fazer
Caso sua cidade esteja sem o serviço, a orientação é que você tente armazenar os resíduos em sacos bem fechados e em locais cobertos. Isto evita o acúmulo de água, que pode ser um prato cheio para o mosquito da dengue.
Se possível, procure deixar em um quintal ou espaço dentro da casa, para evitar que animais rasguem os sacos plásticos e que eles sejam arrastados, em caso de enchentes.