null: nullpx
futuro-Mulher

Importante historiador afirma: “até 2050, teremos uma nova classe social de ociosos”

Publicado 22 Mar 2018 – 06:00 AM EDT | Atualizado 22 Mar 2018 – 06:00 AM EDT
Compartilhar

O mundo em 2050 será muito diferente. O avanço da inteligência artificial será tal, que os humanos serão substituídos na maioria dos trabalhos que existem hoje em dia e haverá um programa de renda mínima universal que vai garantir que todo mundo tenha o mínimo para sobreviver. Como consequência, nascerá uma nova classe de pessoas que não terá absolutamente nada para fazer.

Esta não é uma previsão qualquer, mas do aclamado historiador israelense Yuval Noah Harari, autor dos best-sellers Sapiens e Homo Deus. Em artigo publicado no jornal britânico The Guardian, Harari projeta uma realidade na qual praticamente não existirá trabalho e que as pessoas irão procurar sentido em realidades virtuais - do mesmo como como sempre fizeram com as religiões, segundo ele.

Com trabalho automatizado, haverá “geração de inúteis”

No não tão longínquo ano de 2050, as máquinas farão a maior parte de nosso trabalho. Segundo Harari, a inteligência artificial será tão poderosa que substituirá muitas funções que conhecemos hoje e, embora novas formas de trabalho surjam, não serão na mesma proporção. E sempre que uma máquina e um humano “disputarem” uma vaga, estaremos em desvantagem: nenhum de nós será capaz com a eficiência robótica.

O lado bom disso é que se produzirá tanto que todos os cidadãos poderão receber uma renda mínima, suficiente para viver com algum conforto. Com a renda básica universal, muitos poderão tomar aquela decisão que tanta gente adoraria: largar tudo e fazer o que gosta. Ou, ainda, largar tudo e fazer nada.

“O problema real será, então, manter as massas ocupadas. As pessoas devem se envolver em atividades propositadas, ou ficam loucas. Então, o que a classe inútil irá fazer o dia todo?”, se questiona o historiador. E já há uma resposta: jogos.

Jogos de realidade virtual serão a saída

A busca de propósito e significado será resolvida com jogos de realidade virtual. Segundo Harari, é assim que vivemos há milênios, inclusive. “O que é uma religião, se não um grande jogo de realidade virtual desempenhado por milhões de pessoas juntas? Religiões como o Islã e o Cristianismo inventam leis imaginárias. Essas leis existem apenas na imaginação humana”, afirma.

Assim, justifica, religiosos passam uma vida tentando “ganhar pontos” em seus jogos de realidade virtual favoritos. “Se você reza todos os dias, você obtém pontos. Se você se esquece de rezar, você perde pontos. Se ganhar pontos suficientes, depois de morrer você vai ao próximo nível do jogo (também conhecido como o paraíso)”, compara.

Além das religiões, o historiador considera o consumismo como um jogo também: ganha-se pontos comprando carros e marcas para chegar ao final de dizer a si mesmo que venceu a partida.

Esse é o argumento de Harari para provar que a realidade virtual não precisa estar fechada dentro de uma jogo de videogame. Para ele, isso foi feito no passado com livros sagrados e é feito agora com smartphones - e cita o game Pokemon GO como um grande exemplo disso.

Judeus ultra-ortodoxos: o não trabalho gera felicidade

Uma vida desligada da carreira profissional e dedicada àquilo que lhe confere sentido de sua existência pode ser o caminho para a felicidade. Ou seja, a geração de não trabalham que está por vir pode ser mais feliz que a média da humanidade atual. Para Harari, o maior exemplo disso são os religiosos judeus ortodoxos.

O historiador conta que em Israel, uma parcela de homens judeus ultra-ortodoxos nunca trabalha, mas passa sua vida dedicada a estudar escrituras sagradas e rituais da religião. Não morrem de fome porque ou suas esposas trabalham ou o governo lhes concede bolsas. Este é o ponto, para ele: embora sejam pobres e vivam com o mínimo necessário, as pesquisas de satisfação apontam que seus níveis de felicidade são mais elevados que da maior parte da população.

“Isso é uma renda básica universal em ação. Em pesquisas globais sobre a satisfação da vida, Israel está quase sempre no topo, graças, em parte, ao contributo desses homens desempregados convictos”, argumenta.

A busca pelo sentido da vida

A conclusão de Harari é de que o fim do trabalho não significará o fim do sentido da vida. Seu argumento é de que o significado é gerado pela imaginação humana, e não pelo trabalho. “O trabalho é essencial apenas para o significado de acordo com algumas ideologias e estilos de vida”, explica.

O exemplo é um adolescente que adora jogos online. Harari cria uma situação hipotética: dê a um jovem pizza e refrigerante, seu jogo de videogame favorito e o deixe à vontade. Provavelmente, ele ficará envolvido no game por dias, irá ignorar a escola, as obrigações e até os horários das refeições. No entanto, afirma o historiador, é improvável que ele sinta falta de propósito - pelo menos no curto prazo, até encontrar outro objetivo mais desafiador.

Você pode se perguntar: mas quem quer viver uma vida toda dedicada a jogos? Bem, já há uma resposta. “No final, a ação real sempre ocorre dentro do cérebro humano. Não existe realmente ‘lá fora’. Para o melhor de nosso conhecimento científico, a vida humana não tem significado. O significado da vida é sempre uma história de ficção criada por nós humanos”, filosofa o intelectual.

Como será o mundo em 2050

Compartilhar

Mais conteúdo de interesse