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O que é fosfina e por que sua detecção em Vênus pode indicar vida fora da Terra

Publicado 15 Set 2020 – 03:55 PM EDT | Atualizado 15 Set 2020 – 03:55 PM EDT
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Em meio a buscas por vida fora da Terra, um grupo de cientistas fez recentemente uma importante descoberta. Após anos pesquisando rastros de certas substâncias em planetas, eles encontraram vestígios de fosfina em Vênus – e, como na Terra esta substância só é produzida por organismos vivos ou indústrias, a descoberta pode ser uma pista para a existência de vida microbiana no planeta vizinho.

Publicado no periódico científico “Nature Astronomy” e feito por um grupo de cientistas de universidades nos Estados Unidos, no Reino Unido e no Japão, o estudo em questão analisou cuidadosamente a atmosfera de Vênus, maior vizinho do planeta Terra, em busca de indícios de vida no local. No processo, surpreendentemente, eles observaram padrões luminosos de vestígios da fosfina – e isso é interessante por diversos motivos.

Fosfina: o que é?

De acordo com informações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (o CDC), um dos principais órgãos de saúde dos Estados Unidos), o hidreto de fósforo, mais conhecido como fosfina, é um gás incolor, tóxico e inflamável derivado do elemento químico fósforo. Usado na indústria frequentemente na produção de inseticidas, este gás é extremamente malcheiroso, trazendo um odor semelhante ao de peixe podre.

Aqui, este gás é produzido primordialmente por micro-organismos anaeróbicos – ou seja aqueles que não precisam de oxigênio para sobreviver – durante processos de decomposição. Além disso, ele também é um resíduo comum (e frequentemente causador de acidentes) obtido na produção de metanfetamina.

Fosfina em Vênus

Com o auxílio do telescópio James Clerk Maxwell, no Havaí, e do observatório chileno Atacama Large Millimiter Array, os cientistas notaram padrões luminosos que poderiam indicar rastros da fosfina na atmosfera venusiana. Em seguida, eles usaram um modelo desta atmosfera para comprovar a descoberta, constatando no experimento que, apesar de a concentração do gás ser baixa, há mais fosfina em Vênus do que na Terra.

Segundo o comunicado do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), uma das instituições responsáveis pelo estudo, o fato de Vênus ser um planeta inóspito, cheio de nuvens de ácido sulfúrico e extremamente quente fazia com que ele não fosse visto como propício para vida, e especulava-se que, caso houvesse vida, ela provavelmente estaria em uma camada da atmosfera com temperaturas mais amenas a 48 km da superfície.

Este local, porém, foi justamente onde a fosfina foi detectada – e isso abre espaço para teorias sobre uma possível forma de vida microbiana “aérea” nas nuvens de Vênus. Segundo análises do grupo, nenhum fenômeno natural seria capaz de dar origem ao gás neste ambiente hostil como ocorre em outros planetas, portanto não haveria outras formas conhecidas de se produzir fosfina sem a presença de algum organismo vivo.

Descoberta é preliminar

Apesar de este dado motivar inúmeras teorias, no entanto, ele não basta para afirmar que há vida em Vênus. Isso porque, segundo os próprios autores do estudo, nenhum processo “abiótico” (ou seja, processos que não requerem vida para existir, como a existência de temperaturas e de gases como o oxigênio) que pode ocorrer em Vênus é capaz de gerar fosfina – mas isso não significa que não exista um.

“Isso significa que, ou existe vida, ou é algum tipo de processo físico ou químico que nós não esperamos que aconteça em planetas rochosos”, afirma o cientista da MIT Janusz Petkowski, um dos coautores do estudo. A existência de fosfina em Vênus e sua possível relação com formas de vida extraterrestres, portanto, devem seguir sendo estudadas.

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