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"Nessa caixa está a mulher que eu mais amei na vida", padre Fábio fala de adeus à mãe

Publicado 8 Jul 2021 – 12:59 PM EDT | Atualizado 8 Jul 2021 – 01:46 PM EDT
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O padre Fábio de Melo foi um dos milhares de brasileiros que perderam em ente muito querido para a Covid-19. Sua mãe, Dona Ana Maria Melo, morreu no dia 27 de março deste ano, vítima da doença.

Recentemente, ele participou do programa "Saia Justa", exibido pelo canal GNT, e emocionou a todos ao relatar as últimas palavras que trocou com a mãe e revelar a dura realidade que enfrentou no dia do enterro da matriarca.

Padre Fábio revela últimos momentos com a mãe

A mãe do padre Fábio de Melo foi internada 11 dias depois de receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19, mas de acordo com ele, quando Dona Ana recebeu o imunizante, provavelmente já estava com o vírus.

Depois de alguns dias internada, ela precisou ser intubada, mas não resistiu e faleceu no dia 27 de março. Em um papo com Astrid Fontenelle, Mônica Martelli, Pitty e Gaby Amarantos, apresentadoras do "Saia Justa", padre Fábio falou sobre a agonia causada pela doença.

"Eu me lembro que a equipe que estava cuidando da minha mãe muito generosamente permitia que eu falasse com ela. E eu me lembro que no dia que ela teve a primeira crise de falta de ar, que eu vi como a doença era cruel, que eu já sabia, mas ver a minha mãe com aquela falta de ar e eles precisaram me ligar na hora porque foi a única forma que ela teve de se acalmar".

Em seguida, padre Fábio contou como foi o último momento com a mãe, que aconteceu através de uma chamada de vídeo, que foi praticamente uma despedida: "Eu vi minha mãe, na última chamada de vídeo, quando os médicos disseram: "vamos intubá-la".

"Eu me lembro direitinho, como se fosse hoje, ela do lado de lá e eu dando a ela o que eu tinha de mais sagrado, o ser padre que ela tanto admirou, que ela tanto ficou feliz. Eu não virei padre por causa da minha mãe, mas a minha mãe tinha uma alegria por eu ser padre, e aí eu fiz com ela uma oração, como se eu fosse alguém que estava em paz e tranquilo com aquilo que estava acontecendo. Eu falei assim para ela: 'Mãe, a senhora vai dormir um pouquinho, porque a senhora está muito cansada'. Ela não me desmentiu, ela fez o que ela sempre fez, me acolheu mesmo quando eu era mentiroso. Aí ela falou assim: 'É verdade, Fabinho, eu estou cansada mesmo'. E daqui a pouco a senhora vai acordar e vai estar tudo bem. A última frase dela para mim foi: 'Sim, vai ficar tudo bem'", contou o padre, emocionado.

"Não sei como minha mãe foi sepultada"

Além de revelar como foram os últimos momentos com a mãe, ele também falou sobre o outro lado cruel da doença: não poder velar o corpo e nem se despedir antes do enterro. "Eu não sei como minha mãe foi sepultada, não sei. Ela, que era tão vaidosa, a gente não pôde colocar nela um vestido que ela gostava, nada disso".

Muito emocionado, ele ainda lembrou o momento em que chegou ao cemitério e parou bem atrás do carro funerário, se deparando com o caixão:

"Quando o carro parou, infelizmente o carro que me levou, parou três metros atrás do carro funerário e quando eu desci do carro, que eu olhei, eu vi o caixão da minha mãe. Eu olhava para aquela cena e não conseguia andar, parecia que eu estava paralisado, eu olhava para aquele caixão e pensava assim: 'Nessa caixa está a mulher que eu mais amei na vida'. Foi a pessoa que me trouxe ao mundo e que me ensinou tudo o que eu sei como gente. Eu fiz duas faculdades, mas nada supera o que minha mãe me ensinou. E de repente ela estava ali, naquela caixa, lacrada, sem a oportunidade de últimos gestos e a gente precisa tanto disso".

Ele usou as redes sociais para compartilhar a entrevista e agradecer o carinho e acolhimento das apresentadoras: Nunca será fácil falar sobre ele. Entre a experiência vivida e a palavra que a descreve paira um abismo intransponível. Hoje, revendo o momento, senti o desejo de agradecer à @astridfontenelle, @monicamartelli, @pitty, @gabyamarantos e ao @gnt, pelo carinho com que me acolheram. A doença ainda nos ameaça. Proteja-se, proteja os que você ama".

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