A cidade de Mogadíscio, capital da Somália, sofreu o maior atentado da história do país africano. Uma série de explosões em uma região de alta concentração populacional matou mais de 300 pessoas e feriu mais de 400. A tragédia, no entanto, não foi tão noticiadas mundo afora como outros ataques terroristas.
Para chamar atenção ao episódio, pessoas “comuns”, ao redor de todo mundo, começaram uma campanha nas redes sociais com as marcações #PrayforSomalia (#RezepelaSomália) e #IAmMogadishu (#EuSouMogadíscio).
Um perfil no Twitter, inclusive, o Gurmad252, foi criado no Twitter para servir como uma base voluntária de ajuda emergencial às vítimas e familiares dos feridos e desaparecidos – são cerca de 70 pessoas ainda não encontradas.
Mobilização pela Somália formou rede de atenção
As campanhas #RezepelaSomália e #EuSouMogadíscio têm diversas manifestações tentando chamar atenção e solidariedade para o ocorrido e sobre a falta de atenção midiática em relação à África. Além da tragédia, o país convive também com severos problemas climáticos.
Com a hashtag, a ideia é conscientizar o máximo de pessoas possível e chegou até o Brasil. Veja algumas:
“Uma coisa que meu povo sabe é nunca desistir. Que Alá nos mantenha firmes e nos faça seguir adiante. #RezepelaSomália”.
https://twitter.com/unflawlehss/status/919936015204257793
“#EuSouMogadíscio Se a mídia não pode fazer isto entrar em pauta, nós temos que fazer isso”.
Lamento que as mortes na Somália interessem menos ao resto do mundo. Estamos seletivos até na escolha de tragédias pelas quais sofreremos.
— padrefabiodemelo (@pefabiodemelo) October 17, 2017
Muita gente comparou a atenção dada a atentados em países desenvolvidos com o silêncio ocorrido na Somália.
“Eu odeio comparar tragédias, mas a cobertura midiática nos obriga a fazê-lo. Não há slogans que dizem ‘Somos Mogadíscio’ e não há imagens cativantes que circulam em meios de comunicação que demonstrem solidariedade. E mais vergonhosamente, há pouca atenção dos meios de comunicação para documentar a devastação na capital da Somália. E certamente não há nenhum especial de televisão ou angariações de fundos de emergência que fornecem ajuda. Nenhum, nenhum e nenhum”, disse Khaled Beydoun, professor de Direito em Detroit (EUA), em seu perfil no Facebook.
“O terrorismo não tem religião, mas, de acordo com a mídia, é apenas relevante quando acontece no oeste. #RezepelaSomália”.
https://twitter.com/caiiomeendes/status/920602434942234624
Já são quase 300 mortos em ataque terrorista na Somália.
Sem pele branca, sem olhos claros, sem comoção na mídia.#PrayingForSomalia— Erivelton Lima (@erivelton_scout) October 18, 2017
Na Somália existem vidas que importam,tanto quanto em Vegas,paris ou Londres.
— A.T (@artramasenju777) October 16, 2017
Poor brown folks who live in a country that doesnt offer anything to western countries are worthless to the eyes of media. #IAmMogadishu
— Abdul Fathah (@afathah) October 16, 2017
“As pobres pessoas negras que vivem em países que não têm nada para oferecer às nações ocidentais não valem nada aos olhos da mídia “#EuSouMogadíscio”.
Entenda o atentado
As últimas informações fornecidas pelas autoridade somalis indicam que o atentado deixou mais de 300 mortos e 400 feridos e cerca de 70 desaparecidos. O volume de feridos sobrecarregou os hospitais do país e muitas vítimas foram transferidas para a Turquia.
O que se sabe até então é que quatro veículos explodiram em frente ao Safari Hotel, que está localizado em uma região com grande fluxo de pessoas – como são os centros populares das capitais brasileiras. Ainda não está claro que o hotel era o alvo dos terroristas.
O grupo terrorista Al Shabaab é o principal suspeito, mas ainda não reivindicou a autoria – especialistas dizem que nem deve assumir o crime, uma vez que a imagem da organização seria arranhada na sociedade somali.
Al Shabaad tem relações com a rede Al Qaeda e surgiu em 2007, como um grupo insurgente sobre o governo central da Somália. Desde então, já conduziram diversos ataques terroristas, principalmente na capital, de onde foram expulsos desde 2011. O atentado seria uma forma de atingir o governo federal do país.
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