O transtorno bipolar é um acometimento mental sério cuja principal manifestação é o revezamento entre humor eufórico e depressivo. Apesar de ser muito estigmatizado e ainda pouco conhecido pela população – que tende a classificar erroneamente como “bipolar” qualquer pessoa com mudança de humor – o distúrbio vai muito além e afeta quase todas as áreas da vida do paciente, incluindo comportamento sexual e profissional.
Entenda se bipolaridade tem cura e como tratá-la a seguir:
O que é transtorno bipolar

De acordo com o psiquiatra Fábio José Pereira da Silva, da Associação Brasileira de Psiquiatria e médico pelo Doctoralia, transtorno bipolar é o nome dado a um grupo de doenças psiquiátricas crônicas caracterizadas por alterações de humor episódicas que incluem mania ou hipomania e depressão.
A mania é um estado que inclui, principalmente, euforia e exaltação muito elevadas. A hipomania é semelhante, mas com intensidade muito menor. Já a depressão agrupa sintomas opostos, como ausência de energia física e tristeza constante. “Como os episódios de mania e depressão são, de certa maneira, polos opostos, o termo “bipolar” foi adotado”, esclarece.
Causas
Apesar de ainda não ser comprovado, acredita-se que o distúrbio bipolar é multifatorial e resultante de fatores genéticos, alterações químicas do cérebro e fatores externos como estresse e experiências traumáticas.
Sintomas
O psiquiatra explica que o transtorno bipolar vai além da mudança de humor, já que alternância de temperamento pode ocorrer também em indivíduos saudáveis. Portanto, a simples presença dos sinais não significa a existência da doença, mas provoca uma suspeita que só pode ser confirmada pelo profissional da saúde.
Além disso, a bipolaridade agrupa dois quadros distintos, que ocorrem de forma intensa, acarretando em diversos prejuízos na vida social, familiar e profissional do paciente.
O distúrbio reveza-se em fases de mania ou hipomania e depressão que podem perdurar por longos ou curtos períodos e ainda ocorrerem ao mesmo tempo. Em alguns casos, essas fases duram anos e confundem o diagnóstico. Alguém na fase depressiva, por exemplo, pode acabar sendo diagnosticado erroneamente com depressão.

Os sintomas de mania incluem, principalmente, humor excessivamente excitado, agitado e eufórico e pensamento muito rápido, mas costuma envolver também comportamento de risco, apetite sexual exacerbado e redução da necessidade de sono. A hipomania apresenta os mesmos sinais, mas com intensidade menor.
Os sintomas de depressão no transtorno bipolar englobam o oposto: tristeza profunda, diminuição da libido e cansaço constante. E ainda, sentimento de culpa, falta de esperança e prazer e dificuldade de concentração e pensamentos de morte ou suicídio.
Diagnóstico: como é feito?

O diagnóstico é feito pelo psiquiatra e baseia-se em uma investigação clínica que envolve histórico familiar e pessoal, além de exames complementares para afastar a hipótese de outras doenças com sintomas semelhantes.
“Muitas vezes, o médico precisa complementar a investigação conversando com familiares e amigos do paciente para estimar os prejuízos no comportamento social e profissional. Além disso, é necessário realizar novas avaliações ao longo do tempo para analisar a necessidade de redefinir o diagnóstico”, explica o psiquiatra.
Transtorno bipolar tem cura?
O transtorno bipolar não tem cura, mas pode ser controlado. O tratamento adequado possibilita que o indivíduo fique sem sintomas a maior parte do tempo.
Tratamento
Os cuidados são estruturados de acordo com as características individuais e o contexto em que cada paciente está inserido. Ele pode incluir:
Medicação

O uso de estabilizadores de humor é o mais frequente para amenizar ou prevenir surtos de transtorno bipolar, entre eles estão compostos como carbonato de lítio, ácido valpróico, carbamazepina, oxcarbazepina, lamotrigina, quetiapina, olanzapina e topiramato.
Contudo, antidepressivos, anticonvulsivantes e antipsicóticos também podem ser prescritos.
Psicoterapia

De acordo com o médico, diversos tipos de terapia com psicólogo podem ser aplicados, mas a cognitivo-comportamental é a que mais se destaca atualmente.
A psicóloga e terapeuta Tatiane Paula Souza, do Doctoralia, explica que o método ensina o paciente a controlar as distorções de pensamento do distúrbio. “Os objetivos gerais são obter o mais rapidamente possível o alivio dos sintomas, ajudar a pessoa a identificar padrões disfuncionais de pensamento e comportamento e orientá-lo a controlar sua mente, passando do pensamento disfuncional para o funcional”, explica.
Mudança de hábitos
Praticar atividades físicas, alimentar-se de maneira saudável, dormir bem e evitar o uso de drogas são atitudes complementares ao tratamento psiquiátrico e psicólógico.
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